A complexidade do mundo nos obriga a inventar novos instrumentos de interpretação dos problemas que nos cercam. Para entender a guerra no Congo, é preciso um exercício intelectual profundo.
Tem por exemplo uma dissertação de mestrado escrito por um brasileiro lá em Porto Alegre. Virou livro até. Muito bom. Não lembro o título agora, mas usei ele na minha monografia na época, era em 2013... rs. Era um dos primeiros trabalhos sobre o Congo aqui no Brasil. Pelo menos se tratando dos processos políticos recentes. Curiosamente, parece que estão repetindo agora as mesmas coisas com esses novos acordos de Washington.
Ah, em breve, talvez em agosto, vou publicar a resenha de um livro importante sobre o Congo. Só não será este mês ou no próximo porque tenho uma entrevista marcada com um amigo que quero trazer aqui para falar sobre Mali, Burkina Faso e o Sahel em geral. Acho que sai logo. O texto sobre "Soundtrack..." mesmo, estive preparando ele desde abril, mas tinha muita coisa acontecendo e só consegui publicá-lo hoje. Às vezes, tenho que respeitar a atualidade também, rs.
Acabei de ouvir sua excelente participação no Ponta de lança. Vc pode explicar novamente a relação Qatar e M23, por favor? Não entendi essa dinâmica. Grato
Olá. Obrigado por ter ouvido lá. Simplificando, não está muito claro porque Qatar entrou nas negociações. Não há relações entre Qatar e M23. Qatar tem relações com Ruanda (veja por exemplo, no time do PSG, a mensagem "Visit Rwanda". Essa mensagem inclusive foi alvo de críticas nos últimos meses. Imagino que Qatar entrou nas negociações como mediador devido às suas boas relações com Ruanda. Até agora Ruanda se recusava a discutir com as autoridades do Congo. A reunião em Luanda (Angola) foi anulada até. Portanto, é até positivo que Qatar conseguiu chamar e levar Ruanda para a mesa das negociações. Mas como eu disse, eles devem ter feito isso também como uma forma de controlar os efeitos das críticas ao "Visit Rwanda" que tem nas camisas do PSG e outros clubes do Qatar.
Meu TCC foi sobre a operação de peacekeeping no Kosovo, focando nas reformas da segurança pública. A grande conclusão extraída da pesquisa foi a ineficiência desse modelo "top to bottom" dos organismos internacionais, um modelo tecnocrata que nada compreende a realidade e as minúcias dos países-alvo.
O pouco que tinha de conhecimento sobre o congo originava de fontes como o documentário City of Joy que falava sobre essa instrumentalização do estupro como arma de guerra. Seu texto esclareceu demais muitas perguntas que tive após assisti-lo
O objetivo do texto não era falar especificamente sobre a MONUSCO. Mesmo assim, falei das missões da ONU, da UE e UA. O importante não é uma instituição em particular mas como todas as instituições internacionais operam ali. É a lógica por trás das práticas o foco do texto.
- Interessante esse ponto sobre Singapore e Malaysia.
- Perfeitamente. Ali cabe outro ensaio. Eu pensei nesse texto em geral como algo que poderia ser o ponto de partida para outros trabalhos, não só meus, mas de todos, inclusive jovens pesquisadores ou estudantes.
Mas com certeza, essa questão da doença mental como condição humana no capitalismo do extravismo digital é muito muito interessante. Merece mesmo um ensaio à parte. Vou pensar nisso.
Outro texto fenomenal. Além das obras citadas no texto, quais obras recomenda para quem quer entender mais sobre o Congo?
Tem por exemplo uma dissertação de mestrado escrito por um brasileiro lá em Porto Alegre. Virou livro até. Muito bom. Não lembro o título agora, mas usei ele na minha monografia na época, era em 2013... rs. Era um dos primeiros trabalhos sobre o Congo aqui no Brasil. Pelo menos se tratando dos processos políticos recentes. Curiosamente, parece que estão repetindo agora as mesmas coisas com esses novos acordos de Washington.
Ah, em breve, talvez em agosto, vou publicar a resenha de um livro importante sobre o Congo. Só não será este mês ou no próximo porque tenho uma entrevista marcada com um amigo que quero trazer aqui para falar sobre Mali, Burkina Faso e o Sahel em geral. Acho que sai logo. O texto sobre "Soundtrack..." mesmo, estive preparando ele desde abril, mas tinha muita coisa acontecendo e só consegui publicá-lo hoje. Às vezes, tenho que respeitar a atualidade também, rs.
p.s: obrigado pelo apoio.
Vou procurar!
De qualquer forma, já anotei os outros livros na minha lista pra ler no futuro
Muito obrigado!
Segue o livro... é de Igor Castellano.
https://www.leituraxxi.com.br/product-page/congo-a-guerra-mundial-africana
É baseado na sua dissertação de mestrado.
https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/31730/000784798.pdf
Poxa, muito obrigado!!!!!
Acabei de ouvir sua excelente participação no Ponta de lança. Vc pode explicar novamente a relação Qatar e M23, por favor? Não entendi essa dinâmica. Grato
Olá. Obrigado por ter ouvido lá. Simplificando, não está muito claro porque Qatar entrou nas negociações. Não há relações entre Qatar e M23. Qatar tem relações com Ruanda (veja por exemplo, no time do PSG, a mensagem "Visit Rwanda". Essa mensagem inclusive foi alvo de críticas nos últimos meses. Imagino que Qatar entrou nas negociações como mediador devido às suas boas relações com Ruanda. Até agora Ruanda se recusava a discutir com as autoridades do Congo. A reunião em Luanda (Angola) foi anulada até. Portanto, é até positivo que Qatar conseguiu chamar e levar Ruanda para a mesa das negociações. Mas como eu disse, eles devem ter feito isso também como uma forma de controlar os efeitos das críticas ao "Visit Rwanda" que tem nas camisas do PSG e outros clubes do Qatar.
Meu TCC foi sobre a operação de peacekeeping no Kosovo, focando nas reformas da segurança pública. A grande conclusão extraída da pesquisa foi a ineficiência desse modelo "top to bottom" dos organismos internacionais, um modelo tecnocrata que nada compreende a realidade e as minúcias dos países-alvo.
Exatamente. E se assistir o vídeo da entrevista de Severine Autesserre que coloquei ali, ela fala exatamente isso.
O pouco que tinha de conhecimento sobre o congo originava de fontes como o documentário City of Joy que falava sobre essa instrumentalização do estupro como arma de guerra. Seu texto esclareceu demais muitas perguntas que tive após assisti-lo
Obrigado. Tem a minha passagem no Xadrez Verbal também que tem outras informações complementares.
Sim! Admito que conheci seu trabalho por meio da participação no podcast 😄
Como a MONUSCO se encaixa nesse contexto?
O objetivo do texto não era falar especificamente sobre a MONUSCO. Mesmo assim, falei das missões da ONU, da UE e UA. O importante não é uma instituição em particular mas como todas as instituições internacionais operam ali. É a lógica por trás das práticas o foco do texto.
Sim, entendi! Fiquei curioso em saber se a MONUSCO operava nessa lógica também. Abs
- Interessante esse ponto sobre Singapore e Malaysia.
- Perfeitamente. Ali cabe outro ensaio. Eu pensei nesse texto em geral como algo que poderia ser o ponto de partida para outros trabalhos, não só meus, mas de todos, inclusive jovens pesquisadores ou estudantes.
Mas com certeza, essa questão da doença mental como condição humana no capitalismo do extravismo digital é muito muito interessante. Merece mesmo um ensaio à parte. Vou pensar nisso.